Conforme veiculado hoje pelos órgãos de comunicação social e redes sociais, e confirmado pela Porto Editora, num manual editado por esta entidade, de apoio à prova de aferição de História e Geografia para o 5º ano, é referido que, nos seculos XV e XVI, Portugal contactou com “povos de diferentes raças” e estabeleceu, em África e no Brasil, “contactos comerciais marcados por relações amigáveis e pacíficas”.
Tais referências em manuais escolares e pedagógicos são infelizmente recorrentes e inaceitáveis. É incompreensível que ainda existam autores, autoras e editoras que concebam materiais com estes propósitos, contendo referências a categorias biológicas de “raça” e que reproduzem imaginários lustropicalistas, típicos do Estado Novo, negando a violência colonialista e esclavagista de Portugal. Afirmar que a submissão de milhões de pessoas à escravatura foi estabelecer “contactos comerciais marcados por relações pacíficas e amigáveis” com África e com o Brasil, é negar a História e é violentar a memória dos milhões que sofreram e que perderam a sua dignidade e a sua vida. É mentir às gerações mais novas e agredir a memória coletiva, não apenas de Portugal, mas sobretudo dos países que sofreram com o colonialismo e com a escravatura portuguesa.
Porque não podemos deixar passar em claro mais este gesto de revisionismo histórico e manifestação racista, iremos apresentar a competente participação à Comissão para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial e exigimos, da parte do Ministério da Educação e do Alto Comissariado para as Migrações, uma tomada de posição inequívoca a este respeito.
10 de maio de 2019
SOS Racismo
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