No Domingo de Páscoa, dia 9 de Abril de 2023, teve lugar uma homenagem pacífica ao
Joaquim “Capone”, adolescente cabo-verdiano que morreu afogado na quinta-feira, na Praia de
Matosinhos. A homenagem decorreu no espaço público, à porta do El Corte Inglês, em Vila
Nova de Gaia, local onde o grupo que convivia com o rapaz se reunia regularmente (6 rapazes
tinham sido resgatados no mesmo dia em que o Joaquim se afogou). O encontro começou
pelas 20:15, com dezenas de pessoas (na sua enorme maioria menores de idade) vestidas de
branco e negro, convivendo com canções e danças. A cerimónia durou cerca de 30-45 minutos,
tendo algumas pessoas saído e outras permanecido no local para além dessa altura.
Segundo pessoas participantes na cerimónia, pelas 21:35, chegou um carro com 3 agentes da
polícia, que começaram a gritar com o grupo e, com bastões na mão, ordenaram que se
afastassem. Perante a tentativa de conversar com os agentes para explicar o motivo para a
reunião de homenagem, um dos agentes começou a bater nas pessoas com o bastão. Foram
chegando mais polícias, em carrinha de intervenção, que continuaram com este tipo de
atuação. Muita gente começou a fugir, mas vários rapazes foram imobilizados pela polícia. Pelo
menos dois jovens foram levados para a esquadra. Várias pessoas presentes fizeram alguns
registos de vídeo. Independentemente do contexto e das circunstâncias, estas agressões dos
agentes da polícia são absolutamente injustificáveis e inaceitáveis.
Assistimos à narrativa com que alguma comunicação social já nos vem habituando, com
notícias que acusam as vítimas e legitimam os agressores (“o grupo estava a provocar
desacatos na via pública (…) “quando a polícia chegou responderam com agressividade
obrigando a um reforço policial”), numa deturpação que não corresponde à descrição dos
factos dada pelas pessoas presentes e que maioritariamente ocorre quando as vítimas
pertencem a minorias étnicas e/ou racializadas.
Tendo ouvido testemunhos de pessoas que assistiram à situação e que presenciaram a
intervenção da polícia, o SOS Racismo condena veementemente este tipo de atuação da PSP e
exige que se apurem as circunstâncias dos eventos e as responsabilidades.
O SOS Racismo irá apresentar queixa à Comissão para a Igualdade e Contra a Discriminação
Racial (CICDR) e ao Ministério Público.
Para que violência policial não continue impune!
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