Notícia do Jornal de Notícias: A única associação de ciganos no distrito de Aveiro reabriu, este fim-de-semana, após três anos de encerramento, as portas da sede à comunidade aguedense, com o objectivo de “apoiar a integração de indivíduos de etnia cigana na sociedade”.

Rafael Ximenes, presidente da Direcção da colectividade, diz que o encerramento da sede, há três anos, aconteceu porque “as entidades governamentais não se portaram bem”. “Queríamos montar uma empresa de limpeza de florestas, mas a burocracia teve um peso demasiado alto”, contou. “Entregámos o projecto no Centro de Emprego e disseram que eram precisos mais papéis. Mais papéis”? Rafael Ximens, instrutor de boxe e segurança privado, conta que encontrou, ao longo do processo, demasiada burocratização, justificando que talvez por ser cigano. “Existe muita gente a olhar-nos de lado. Pensam que fazemos mal a todos, mas os delinquentes que andam por Águeda não são da nossa etnia”, desabafou.

O espaço que pretende receber, diariamente, dezenas de ciganos vai estar aberto das 16 às 24 horas. Será – segundo Ximens – um local de aprendizagem de viola, danças ciganas, cantares e boxe. “Queremos que os jovens se sintam bem, mas sempre sem perderem a identidade cigana. A etnia cigana tem valores e sabe respeitar os outros”, reforçou Rafael Ximens.